Diego Simeone Atlético de Madrid

Em Portugal, os “três grandes” estão estabelecidos há muitos anos e, apesar de alguns emblemas se irem tentando imiscuir nessa elite, nenhum esteve até agora perto de o conseguir. Recentemente, o Braga tem tido consistência no estatuto de quarto melhor clube nacional, mas o palmarés dos guerreiros do Minho ainda não ameaça sequer o pódio.

Na vizinha Espanha, os grandes são só dois: Barcelona e Real Madrid. Também na capital, reside o maior candidato a alargar esse lote, embora ainda a uma distância significativa. Os colchoneros do Atlético de Madrid têm já reunidas algumas das condições necessárias para essa ascensão que, acontecendo, vai seguramente levar o seu tempo. Quando se tem em consideração toda a história do futebol espanhol, nem o terceiro posto é unanimemente atribuído ao emblema de Madrid.

Fundado há praticamente 122 anos por um grupo de estudantes bascos, o Atlético de Madrid começou como uma filial do Athletic Bilbao. A sua era de ouro aconteceu nos anos 60 e 70, com quatro títulos da La Liga a serem arrecadados em 16 anos. Luis Aragonés foi a principal figura colchonera desse período, tendo-se mantido como o melhor marcador do clube desde que se reformou (1974) até ser ultrapassado em 2024 por Antoine Griezmann.

Depois de algumas épocas menos conseguidas e um declínio que chegou a levar o Atlético à segunda divisão espanhola (2000/01 e 2001/02), o Atlético reergueu-se. O verdadeiro renascimento do emblema da capital aconteceu com a chegada de Diego Simeone, em 2011. Desde então, dois títulos da La Liga (2014 e 2021) e dois da Liga Europa (2012 e 2018) foram conquistados e duas chegadas categóricas à final da Liga milionária esbarraram num Real Madrid de outro mundo.

Apologista de uma grande solidez e disciplina na organização do setor defensivo, o técnico argentino tem feito do Atlético uma das equipas que mais dificuldades cria aos ataques adversários. Confortável em deixar o oponente ter bola, a equipa de El Cholo sai rapidamente para o contra-ataque assim que recupera o esférico. Caso o adversário baixe a linha defensiva para neutralizar esta ameaça, os médios tratam de “rendilhar” mais o ataque, construindo a ofensiva com passes mais curtos.

A grande intensidade e ética de trabalho são características de Simeone que são claramente espelhadas na equipa. O foco no trabalho de equipa faz com que o Atlético dependa menos de momentos de brilhantismo individual, comparativamente a outros gigantes Europeus.

Os adeptos colchoneros identificam-se com a paixão e resiliência do homem que têm ao leme e o próprio presidente do clube, Enrique Cerezo Torres, afirma não ter conhecimento de ninguém melhor para orientar a equipa.

O Atlético era líder da La Liga no final da primeira volta, mas a verdade é que de “campeões de inverno” não reza a história. A vitória em Barcelona no passado mês de dezembro teve ingredientes para cozinhar uma boa dose de motivação: derrotar um rival direto em sua casa e conseguir a remontada ao cair do pano. Foi também a primeiro triunfo em visita ao Barça na era Simeone.

No derby deste sábado, no Santiago Bernabéu, o Atleti entrou melhor e chegou ao golo através de uma grande penalidade convertida com frieza por Julián Alvarez.

Modric Atlético Real Madrid Julian Alvarez
Fonte: La Liga

No segundo tempo, os merengues entraram decididos a virar o resultado e rapidamente chegaram ao empate, com golo apontado por Kylian Mbappé. Apesar do grande caudal ofensivo, a equipa de Ancelotti não conseguiu voltar a marcar e o jogo acabou mesmo com a divisão de pontos. Simeone lamentou a falta de aproveitamento na primeira parte, durante a qual o Atlético foi superior.

A versão 2024/25 do Atlético é já recordista, depois de alcançar pela primeira vez na história a marca de 14 vitórias consecutivas. Na La Liga, a disputa está mais acesa que nunca, com os tais “três grandes” separados por apenas dois pontos. Já na Champions, o Atlético mereceu as duas jornadas de folga, ao terminar a fase de liga no terceiro posto, e terá mais tempo para preparar os oitavos de final.

O avultado investimento feito para adquirir Alvarez ao Manchester City está a parecer justificado e as figuras mais experientes como Griezmann, Oblak, Gimenez e De Paul enaltecem a candidatura desta equipa aos títulos. Voltar a vencer a La Liga e conseguir (finalmente) vencer a Champions League seriam passos fulcrais para uma aproximação do clube madrileno ao estatuto dos seus rivais.